25.7.08
Marisa Monte e Novos Baianos - A menina dança
Gosto de algumas músicas dos Novos Baianos e essa versão com a Marisa Monte (que adoro) é muito boa.
19.7.08
Why so serious?
"Batman - Cavalheiro das Trevas" ("Batman - The Dark Knight" no original), tem sido mais falado por causa do Coringa, leia-se Heath Ledger, do que pelo próprio Batman. Estão dizendo em Oscar Póstumo ao Ledger, e há possibilidades de ser ganho por ele, acredito eu.
O filme tem 152 minutos, um pouquinho mais do que duas horas e meia e cansa. Poderia ter tido "apenas" duas horas. Mas cada vez mais os filmes têm sido longos, com mais de duas horas. E não seria diferente com Batman, que tem tudo para ser um sucesso de bilheteria. Legder morreu depois de terem filmado todo o filme porém ainda não tinham terminado de editar, então depois da morte dele, a impressão que dá é que quiseram colocar todas as cenas com o Coringa, deixando o filme enorme.
Quando você acha que terminou e que, ufa!, o Batman salvou a todos, vem mais problemas, mais bombas, mais explosões e mais tiros. Cansa, é muita informação parecida, sem um verdadeiro propósito. Parece que é só para mostrar Ledger em ação.
Outra coisa que não gostei no filme é aquele lance que tem aparecido com mais freqüência nos cinemas: o super-herói em crise existencial. Nobody deserves! "Será que estou matando meu próprio povo?", "Será que estou ajudando ou prejudicando a cidade?", "Vou dizer quem sou, vou parar de me esconder".
Ah, isso é muito chato! Herói é herói, ponto final, acabou, vamos curtir o super herói e não sua crise, que (não) funciona para mostrar que os heróis também têm coração.
Eu adoro Heath Ledger, mas o papel do Coringa que é muito bom, não necessariamente o ator. Ledger deu um show, mas não é motivo para dar ciúmes a Jack Nicholson (que ainda reclamou por não ter sido chamado para dar vida novamente ao Joker). O personagem é um show de inteligência, habilitade e humor.
Bons atores têm papéis não tão grandes, como Michael Caine (um dos meus atores favoritos!) e Morgan Freeman. Chrsitian Bale, o Batman, também é um bom ator. Com algumas partes previsíveis e outras não, o filme consegue prender atenção do espectador desde que começa até as duas horas de filme. Depois o espectador perde a linha de raciocínio e vê apenas ação, ação e ação. Há quem goste, porém.
O fato é: o Coringa é mais atraente do que o próprio Batman. E só por isso vale o ingresso.
Bic lança celular descartável
Que tal o novo celular descartável fabricado pela Bic? Vai ser vendido na França por 49 euros, aproximadamente 80 reais. Por aqui não é muito jogo, já que na Casa & Video, por exemplo, compra-se um aparelho não descartável por esse preço.
Mas a idéia parece ser interessante. Porém, com um celular descartável será necessário criar um método de reciclá-lo. É esperar para ver. Enquanto isso, já saíram as fotos do aparelho, que só deve ser lançado em agosto.
Pra ativar o aparelho é só ligar para a operadora Orange. Já vem inclusos 60 minutos de créditos válidos por dois meses. O número do celular vale por doze meses. Se precisar de mais crédito é só recarregar usando um cartão pré-pago.
18.7.08
Papo de academia
Mais uma da academia, essa é de hoje, sexta. Estava na bicicleta qauando um senhor vem falar comigo:
Já sabia que ele estava falando do Welligton Salgado. Depois do dessa vou já pro cabelereiro!
17.7.08
Papo de academia
Conversa aqui do meu lado, na academia:
-- Esse cara reclama muito da aula!
-- É mesmo, hoje reclamou da música.
-- Olha, meu jeito não é assim. Eu não vou reclamar da música, vou assumir que não estou bem, porque sou bem resolvida comigo mesmo.
Corpinho de 20!
Estou aqui na academia (para meu delírio aqui tem computadores para o uso dos alunos!) e como nunca venho nesse horário (12h) e nunca quinta feira, encontrei na musculação a Yoná Magalhães.
A mulher é simplesmente formidável. Aos 73 anos ela tem um corpo e uma vitalidade de dar inveja a qualquer jovem de 20 anos.
Eu estava na esteira e ela estava fazendo musculação, então não fui falar com ela. No caminho para o vestiário a encontrei fiz uma coisa que não gosto de fazer, mas não resisti:
-- Oi Yoná, queria te dizer que eu com 18 anos gostaria de ter a sua vitalidade; parabéns, te admiro muito!
-- Ah, que bom, obrigada filho.
:-)
Desculpe o transtorno, estou em obras
Começou segunda e já encheu o saco. Imaginar o apê depois das melhorias é muito bom, mas o período de obras em si é muito ruim.
Primeiro, sem preconceitos pelo amor de Deus!, são pessoas que você não conhece na sua casa. Ainda bem que o pedreiro e a equipe dele que estão trabalhando aqui em casa são super de confiança e pessoas boas.
Segundo, tem poeira pela casa toda. É necessário cobrir tudo porque o pózinho branco se alastra pela casa.
Terceiro, todos os móveis fora do lugar, tudo bagunçado, parede quebrada, ferramentas largadas pela casa, vários pedaços de jornal no chão, enfim, só coisa chata.
A Nina fica estrassada e fica o tempo todo no quarto da minha mãe, embaixo da cama. Colocamos comida, bebida e areia lá no quarto porque ela não sai de lá enquanto os homens estiverem em casa. E como eles chegam às 9h e só saem às 17h...
Mas preciso ser justo, Carlinhos, o pedreiro, com a sua equipe, são pessoas ótimas. Eles chegam cedo e quando estamos dormindo eles não atrapalham, são organizados, limpam tudo, inteligentes, espertos para organização, mexem em tudo mas colocam tudo no lugar no final do dia, enfim, são bons profissionais. E de confiança.
Obra é sempre chato, o bom é pensar como o apê ficará depois de pronto. Mas no momento não há pensamento que me faça mudar de idéia: obra é uma chatice!
8.7.08
Por mérito próprio
Me lembro, com uns 10 ou 11 anos, aterrorizado com a idéia de ir para o exército. Perguntei para a vó Mel como quem não quer nada, quanto tempo a pessoa ficava lá. Ela disse que era de um ano para cima. Fiquei mais aterrorizado ainda. "Um ano no exército?!", e olha que naquela época eu ainda não tinha cabelo grande...
Os 18 anos chegaram como um tiro, foram questões de segundos e quando me dei conta eu estava no dia anterior ao dia de ir me apresentar no exército em Triagem, bairro do subúrbio do Rio. Estava apavorado, pedi para a ortopedista um atestado de que tenho problema na coluna e meu pé é extremamente plano, para levar caso precisasse. Minha mãe ligou para um amigo que é da Reserva para tentar me livrar.
Quando esse amigo viu a minha foto falou logo: "Diz para o Lucas que vão sacanear ele lá no exército por causa do cabelo, mas é para ele não responder, não 'desafiar' ninguém, ficar pianinho." Recado dado. Estava ciente disso, já saí de casa com a cabeça baixa e com a boca fechada (e ouvidos também).
É bem fácil chegar lá, de metrô leva-se 20 minutos. Não tem erro. Acordei 4h30, saí de casa 5h30, cheguei lá 6h. Tudo escuro, um frio danado e logo na entrada do quartel uma fila enorme. Entreguei o papel, me colocaram na fila e saíamos andando todos juntos para dentro do quartel.
O major, ou qualquer que seja o nome do posto na hierarquia militar (que não entendo nada), nos deu boas vindas, disse que seríamos tratados como cidadãos, seríamos respeitados e que em troca, pediam respeito também. Afirmou que aquilo é o sonho de muitos e o pesadelos de outros e entrou numa salinha.
Aí que começa a desgraça. Desde 6h30 até 8h30 todos ficamos embaixo de uma marquise enorme em pé sem poder nos encostar na parede nem sentar. Às 8h30 eles começaram a chamar as pessoas pelo nome. O meu, valeu Murphy!, foi um dos últimos a ser chamado, ou seja, só saí da marquise às 9h30. Três horas em pé, sem poder sentar ou apoiar; minha coluna já estava indo na lua.
Às 9h30 chamaram meu nome, fui para outra fila, fiquei mais 20 minutos esperando (em pé, claro). Depois fomos para os exames. A primeira coisa é um exame de vista rapidinho. Nesse hora um cara do exército gritou: "Coloca o cabeludo no PQD." PQD é paraquedismo. Gelei! "Caraca, ferrou, vou ter que servir! Não tem mais jeito, tchau fotografia, tchau faculdade, tchau blogs e Internet".
Passei pelo exame de vista crente que ia encontrar com um militar e ele ia dizer "bem vindo!" com meu papel na mão escrito PQD. Mas, ainda bem, a história foi diferente. Depois do exame de vista, entra-se numa cabine e fica-se de cueca. Um médico analisa, faz aquelas perguntas básicas "você já operou? alguma cirurgia? tem alguma doença tipo asma? quebrou alguma parte do corpo?" e depois dá o veredicto.
Quando eu estava tirando a roupa o médico apareceu e perguntou:
-- Você quer servir?
-- Não!, disse eu um pouco angustiado.
-- Ok, vou te liberar porque você está um pouco acima do peso.
Não acreditei. Será que foi só isso? Menos de 2 minutos? Ele continuou:
-- Pega seu papel e fica esperando o certificado lá fora.
E era isso mesmo. Não precisei fazer nada, falar de pé chato ou problema na coluna, saí por mérito próprio: meu peso!!! Acho que pela primeira vez na vida fiquei feliz por estar acima do peso! Na realidade isso foi uma justificativa para o excesso de contingente que, de fato, existe. Muitos que queriam servir (fiquei impressionado com isso, várias pessoas queriam servir pensando num futuro melhor - para si) acabaram não conseguindo servir e todos que não queriam não serviram.
Às 10h já estava liberado dos exames e fiquei esperando (de novo, em pé) até 11h pelo certificado de que fui liberado. Ninguém sacaneou, a maioria foi educada e prestativa. Não foi o sonho que o major disse, nem o pesadelo que eu imaginava, foi apenas a realidade que me pareceu tão surreal quanto... ser liberado do exército por estar acima do peso!
7.7.08
Pós FLIP
Fiz uma descoberta nessa FLIP: Cees Nooteboom, o autor holandês de 75 anos. Me desculpem os que já o conhecia, mas depois que assisti a mesa dele com Vallejo fiquei fã!
Fiquei fã da pessoa e (ainda) não do autor, pois não o li. Simpático, inteligente, com um humor afiadíssimo, sabe conversar, enfim, gente de verdade. Não sei explicar muito bem, mas ele é daqueles que quando a gente bate o olho percebe que poderia ser nosso amigo.
Me lembro no início da FLIP, quando, na sala de imprensa, os jornalistas estavam lendo juntos a programação do evento e passaram pela mesa do Cees e do Vallejo eles não deram importância ao Cees e destacaram apenas o Vallejo, sendo o Cees apenas um coadjuvante. E ainda brincaram, o chamando de Notebook.
Brincadeiras à parte, tenho certeza que Cees surpreendeu a todos. Depois do bate papo, uma jornalista do meu lado comentou: "Queria que o Nooteboom me adotasse!". Quem esperava um coadjuvante se deparou com um senhor protagonista. E o esporrento (não consigo achar outro adjetivo) Fernando Vallejo não passou, esse sim, de um mero coadjuvante.
Fatos da FLIP
Seguem os autores e os livros escolhidos:
- Chimamanda Adichie leu The Autobiography of My Mother, de Jamaica Kincaid.
- Nathan Englander leu o conto Goodbye, My Brother, de John Cheever.
- Zoë Heller leu The Member of The Wedding, de Carson McCullers.
- Neil Gaiman leu o conto infanto-juvenial 13 Clocks, de James Thurber.
- Cíntia Moscovich leu De Amor e Trevas, de Amóz Oz.
- Alessandro Baricco leu em italiano O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger.
- Tom Stoppard queria escolher um autor que fosse pouco prejudicado pela tradução e por isso escolheu por Hemingway. Foram lidas vinhetas da coletânea de contos In Our Time.
- Cees Nooteboom leu em francês O Tempo Redescoberto, 7º Volume de Em Busca do Tempo Perdido, de Proust.
6.7.08
Fatos da FLIP
O tcheco Tom Stoppard, um dos mais importantes dramaturgos, se apresentou na mesa de número 15 mediada por ninguém menos que Luís Fernando Verissimo. Stoppard é a sensação da FLIP e tinha tudo para fazer um excelente papo.
Tenda lotada, imprensa em peso, todos esperando o grande momento do sábado, e, talvez, dessa edição da FLIP. Eis que surgem Verissimo e Stoppard. Depois de uma breve apresentação de Verissimo, Stoppard começou a falar. A partir daí estava traçado o rumo daquela mesa: seria ele e mais ninguém.
Isso por um lado é bom, pois ouvir o que Stoppard tem a dizer é sempre bom, mas é ruim também porque a mesa fica sem rumo, deixa de ser um bate papo para ser um monólogo. E o tema principal foi a intelectualidade do teatro e cinema.
Confesso que me decepcionei bastante com Stoppard. Tudo bem que Verissimo não é dos melhores entrevistadores (apesar de eu amar Verissimo), mas Stoppard foge totalmente das perguntas.
Para se ter uma idéia, eu anoto a síntese das perguntas e respostas durante as mesas e depois escrevo o texto me baseando mais ou menos nelas. Então, fiz a seguinte anotação:
“Pergunta: Todos sabem que você gosta de cricket, mas você jogaria futebol?
Resposta: Conservador”
Pois é, uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Não gosto quando o entrevistado responde uma coisa totalmente diferente do que lhe foi perguntado. Acho que é porque gosto de fazer as anotações em perguntas e respostas, e quando se pergunta uma coisa e se responde outra a coisa fica totalmente fora de sentido.
Das anotações que consegui fazer, salvaram-se algumas informações. Stoppard disse que não tem lembrança de falar tcheco, pois quando seu pai morreu (na guerra) ele foi com a mãe para Singapura, depois Índia e finalmente para a Inglaterra onde sua mãe se casou com um oficial inglês (de sobrenome Stoppard). E desde os oito anos ele fala inglês.
A platéia perguntou por que Stoppard dirigiu apenas um filme. Ele respondeu: “Não sou diretor e não quero produzir filme. No caso desse único filme, eu fiz uma lista de 20 autores para dirigirem o filme, mas não conseguia decidir porque um teria mais capacidade do que o outro. Então resolvi eu mesmo dirigir o filme em que eu era o autor. Mas também foi porque não tivemos fundos para contratar um diretor. Ficou mais barato. E também me pareceu sexy dirigir o filme em que eu mesmo era o autor. Porém não gosto de dirigir. Não gosto da responsabilidade de dirigir o filme, gosto de reagir a um filme.”
Stoppard disse que não tem nenhum projeto para o teatro agora. Contou que não quer sentir aquela obrigação de ter que escrever uma peça. “Nem tudo pode virar uma peça, não é à toa que demoro 4 anos para finalizar uma.”
Quando perguntado sobre sua vida pessoal, Stoppard (72 anos) contou que tem quatro netos e dois filhos (um deles é ator e fez Hamlet no teatro). E disse que sempre se lembra de uma dedicatória de um livro quando o assunto é filho: “Para minha filha Leonora, sem a qual esse livro teria sido escrito na metade do tempo.”
Foi um papo super cabeça, mas sem rumo e sem graça. Acho que a intenção dele foi dar uma aula de dramaturgia. Talvez tenha conseguido, eu é que não consegui prestar atenção no que ele falou. Eu e um bocado de gente, que saiu no meio do bate papo.
Fatos da FLIP
A mesa que contou com o holandês Cees Nooteboom e o polêmico colombiano Fernando Vallejo, maravilhosamente mediada pelo inteligente Ángel Gurría-Quintana foi a melhor até agora.
A expectativa era ouvir Vallejo falar suas opiniões que são encaradas muitas vezes como raiva e grosseria. Se fosse só isso seria legal. Mas misturou Vallejo com a genialidade de Cees. Acho que as pessoas não esperavam muita coisa de Cees, mas ele foi a suspresa da mesa. Todos esperavam que Vallejo falasse aquelas coisas que sempre falou (contra reprodução, política, religião, etc ) e não esperavam muito de Cees.
Esse texto não ser bom, já sei disso, porque eu não conseguia escrever pois estava tão interessante que não queria fazer outra coisa a não ser ouvir. Então não anotei algumas coisas. Mas algumas coisas me lembro e outras consegui anotar.
Vallejo ao mesmo tempo que é esporrento, é tem uma ternura encantadora. Fala mal de Ingrid Betancourt, falou que Lula é um gordinho, baixinho, otimista e Uribe um pequeno eletrizado e chato, mas no fundo há uma ternura em sua fala. É incrível. Cees descreveu Vallejo com a seguinte frase de um escritor francês: “eu não acredito em nada, sou otimista.” E é a mais pura verdade quando se trata de Fernando Vallejo.
Quando perguntado se procura beleza na sua literatura, Cees respondeu que todos nós temos problemas, mas sentir raiva todo dia não ajuda em nada. Vallejo foi perguntado se a raiva era seu motor, sua resposta foi objetiva: “Coitado do Cees que mora na Holanda, um país tão sem graça. Por isso precisa viajar tanto. Já eu não, nasci em Medellín.” O tom irônico permaneceu durante a palestra toda.
Sobre os rituais para escrever, Vallejo respondeu: “Escrevo as frases na minha cabeça e depois como elas vão se perdendo, passo para o papel. E depois coloco o ritmo literário. Eu não releio o que escrevo. Nunca mudo nada, aprendi a escrever livros com a máquina de escrever e não podia mudar nenhuma frase que havia passado pois teria que reescrever tudo de novo."
Os rituais de Cees são diferentes. Ele estipulou o número de 500 palavras para serem escritas por dia. No dia seguinte mais 500 palavras e assim adiante. Sobre religião, Vallejo respondeu que não considera o termo “educação cristã” correto. “O cristianismo não é uma educação é uma máfia de sangue.” Angel pergunta no que ele acredita então. Ele responde: “Acredito na felicidade, estou feliz de estar aqui com vocês nesse momento.”
E amor, Vallejo? “Tenho amor não só por humanos, mas também pelos animais que os homens domesticam para depois matar, destruir e esfaquear.” Cees rebateu: “Hoje cedo tivemos uma discussão porque Vallejo é vegetariano e disse que eu iria para o inferno porque eu não sou. Respondi que pelo menos vou conhecer muita gente legal por lá.”
Vallejo disse que não havia comprado nenhum livro de Cees, então Cees respondeu: “Então fui me vingar, comprei um livro dele.” Vallejo fez faculdade em Bogotá mas não adiantou nada e ele na verdade foi autoditada. A platéia perguntou porque Vallejo está morando no México. Ele disse que anos atrás foi estudar cinema e na Colômbia não tinha cinema. Como no México tinha e lá eles falam a língua natal de Vallejo, ele foi para lá. E acabou ficando.
A última pergunta foi para Cees, se Paraty seria um bom lugar para a festa dos anjos (referindo-se ao seu livro Paraíso Perdido). Cees respondeu: “Não sei se quem perguntou leu, mas o livro conta que as pessoas fazem um lual na praia onde rolam drogas, sexo, orgias, seringas. Se puder fazer isso aqui, por favor, me avise!”
5.7.08
Fatos da FLIP
Na saída da mesa com Alessandro Baricco e Contardo Calligaris, houve uma confusão envolvendo a estátua viva de Machado de Assis, feita por um chileno Ângelo Medina que mora em Paraty há 18 anos e sempre faz estátuas vivas. Como esse ano a FLIP homenageia Machado, ele deu vida ao escritor.
Durante o dia Machado fica na entrada da ponte onde há grande movimentação por causa da tenda dos autores que fica do outro lado do rio. A polícia interpretou como obstrução de via pública o local onde Machado estava.
Machado fica na entrada da ponte para aproveitar a luz do dia e de noite ele vai para uma rua em que tenha iluminação.
Segundo ele, a polícia o tratou com grosseria e ele iria responder do mesmo modo, ficando no local que estava e não iria sair. As pessoas fizeram uma roda envolta da confusão e gritaram em coro “fica, fica, fica”. A polícia então se retirou.
Machado concluiu com a seguinte declaração: “Desde o início da FLIP o senhor Didito, da organização da FLIP, não queria que ele interpretasse Machado. Mas mesmo assim eu vim fazer. Estou protegido pela lei brasileira.”
Fatos da FLIP
Estava na ponte que liga a tenda dos autores a Praça da Matriz quando passou Neil Gaiman escoltado por vários seguranças. Uma moça do meu lado diz para a amiga:
-- Corre, tira foto, tira!
-- Mas quem é ele?
-- Não sei, mas tira!
Fatos da FLIP
Um lugar legal aqui de Paraty é o novo Café Submarino, do site de vendas virtuais Submarino. Na entrada tem um espaço para leitura com sofás e estantes com livros para as pessoas lerem à vontade. Mais para dentro, tem uma bancada com quatro notebooks ligados ao wifi do café que podem ser usados por qualquer pessoa. E ao lado tem o café propriamente dito.
Além de ser um charme, o Café Submarino é muito bom para quem quer relaxar... ou trabalhar. Alguns jornalistas estão indo ao café para usar os notebooks porque a sala de imprensa está sempre muito cheia.
Aliás, a sala de imprensa esse ano está melhor do que a do ano passado, mas continua pequena para o número de jornalistas credenciados. Devem ter uns 20 computadores conectados ao wifi, que às vezes falha.
Hoje tinha gente usando o notebook (da própria pessoa) no chão de tão cheia que estava. Quando acaba uma palestra é uma corrida até a sala de imprensa para garantir seu direito à web.
Fatos da FLIP
Uma coisa que tem me chamado a atenção aqui em Paraty é que as ruas mais próximas ao mar estão com terra. Explico: a maré quando sobe leva terra para as ruas das famosas pedras e quando a maré desce a terra fica. E assim adiante, aumentando a quantidade de terra.
Então a terra está cobrindo as pedras. Não me lembro dessa terra na última vez que vim a Paraty (ano passado). Acho uma pena, pois as pedras fazem parte da identidade de Paraty.
4.7.08
Fatos da FLIP
O papo com David Sedaris, autor de “De veludo cotelê e jeans”, e Matthew Shirts, editor da National Geographic, foi excelente!
Americano de 51 anos, David foi eleito pela Time Megazine o humorista do ano. Mas ele explica: “a edição da Time que publicou essa eleição saiu no dia 10 de setembro de 2001. No dia 13 de setembro de 2001, saiu outra edição da revista, por motivos óbvios. Então fui o humorista do ano por três dias.” Ele é muito conhecido nos EUA pois tem um programa na rádio que é transmitido para o país todo.
Dono de um humor afinado, David é homossexual assumido e não tem problemas quando o assunto é a homossexualidade. Segundo ele, 10% de se público é gay. Apesar de os americanos serem muito conservadores, ele vende bastante livro mesmo nos estados mais conservadores. O por quê? “Os conservadores não compram meus livros, ué!”
Matthew foi um mediador muito bom, com perguntas bastante inteligentes. Matthew perguntou sobre uma história
David já morou em muitos lugares fora dos EUA. Matthew perguntou qual era a visão de David, do lado de fora, da cultura americana. David foi claro: “Eu deixei os EUA porque não podia fumar lá. Então fui para França. Depois que me mudei para lá percebi o quanto americano eu sou. Por exemplo, adoro falar de dinheiro. Perguntar quanto custou a sua casa, quanto custa seu relógio, quanto você ganha. E na França não posso falar nada disso! Outra coisa, na França as pessoas fazem greve toda hora. É greve para tudo. Ué, se o motorista de ônibus não está satisfeito vá para uma universidade estudar medicina!” conclui ele.
“Com as viagens aprendi que sou puritano e nós americanos podemos nos reinventar.” Por seis meses, David morou
Depois de ficar enlouquecido na França, como ele mesmo disse, David foi para Tóquio. De novo a pergunta: por quê? “Porque em Tóquio não pode fumar na rua, mas pode fumar dentro dos lugares. Japonês é inteligente, permite que você entre nos lugares para fumar... e comprar! Isso é tão óbvio!” E sobre a França, ele complementa: “Dizem que os franceses são antipáticos. Mas você conheceu algum grego?!”
(David Sedaris)
Matthew o questionou por que ele foi para Tóquio: “Dizem que para parar de fumar o melhor de mudar o lugar onde você vive. Então fui para lá.” “Mas em Tóquio pode-se fumar”, replicou Matthew. “Eu sei, mas quando se para de fumar você engorda. Porém, como engordar comendo peixe cru?”
Alguém da platéia perguntou quais são as impressões que ele teve dos hábitos brasileiros. Ele respondeu: “Bom, cheguei ontem ao Brasil, mas a primeira coisa que percebi foi o caos que é a esteira de mala do aeroporto de Guarulhos
David segue para o Rio depois da FLIP. As duas principais coisas que ele quer fazer: “comer aqueles espetos de carne que parecem espadas e quero ver os macacos.” Matthew concluiu: “Vocês podem dar dicas de espeto de carne na sessão de autógrafos, mas como editor da National Geographic, posso te ajudar com os macacos, David.”
Fotos da FLIP
As duas fotos abaixo são da mesa de Misha Glenny (primeira foto) com Guilherme Fiúza, mediado por Paulo Markun que aconteceu às 15h. E as outras duas de baixo são da maré que encheu agora em Paraty.
Fatos da FLIP
Pergunto a um policial se ele sabe onde fica o restaurante Margarida. Ele é direto:
-- Sei não, eu sou de outra área, tô aqui pra tirar um extra.
Então tá, né...
3.7.08
FLIP
O bate papo entre Cíntia Moscovich, Inês Pedrosa e Zoë Heller mediado por José Luis Peixoto terminou agora. Foi muito interessante. Apesar de eu achar as perguntas do mediador português José um tanto confusas e mal formuladas, as três meninas se saíram muito bem. A tradução simultânea falhou algumas vezes, para a infelicidade do público.
A Cíntia, que escreveu o livro “Por que Sou gorda, mamãe”, fez algumas citações bacanas. Segundo ela, ao buscar depoimentos para o livro, ela percebeu que a menina tem mais facilidade de ludibriar o pai do que a mãe. A relação entre mãe e filha é muito complicada.
Ela quis escrever um livro em que a filha falava sobre a mãe. E, no caso do seu livro, a menina ser gorda é uma materialização da dor dela. A obesidade é apenas uma metáfora.
Depois, perguntada sobre a questão da dor da filha, ela disse: “o drama existencial não é tão vasto quanto se pensa” e em seguida citou a frase: “o pior dos nossos problemas é que os outros não tem nada a ver com isso”. Por isso quis escrever o livro, que foi quase autobiográfico.
Inês, falou que a ação e a atitude dos homens e mulheres no mundo deveriam ser as mesmas e não deveriam causar estranheza, por exemplo, quando um homem chora ou cuida da casa.
Quando perguntada sobre o pensamento do autor na hora de escrever o livro, Inês disse que, as coisas que ela escreve não acontecem com ela necessariamente, mas ela acha interessante e por isso escreve. Ela pensa nela como leitora ao escrever, e não um em um outro leitor ‘anônimo’.
José se mostrou surpreso com um trecho do livro de Zoë, “Anotações de um escândalo”, em que, quando menina, a personagem principal do livro se masturbava tanto que a mãe prendia a calcinha ao corpo da menina com durex para que ela não se masturbasse
Quanto ao filme “Notas de um escândalo”, Zoe disse que era difícil reproduzir o livro em um filme, mas que com um dramaturgo excelente e atores incríveis (Judi Dench e Cate Blanchett, entre eles) o filme teve um resultado bem interessante. Ficou mais melodramático, porém funcionou bem como filme.
Da FLIP...
Cheguei em Paraty e já não dava mais tempo de pegar o bate papo entre Humberto Werneck e Xico Sá. Então estou dei uma volta peloi Centro Histórico e fiz algumas fotos.
1.7.08
Notícias da FLIP
Para quem não for a FLIP e quiser acompanhar o que anda acontecendo por lá, além de poder vir aqui no blog (cobertura FLIP a partir de sexta) e no FLIP Recortes 2008 do Sergio Fonseca e Ane Aguirre, -- dois mestres em FLIP, poderá acessar o blog oficial da FLIP que teve como consultoria, a experiência de Marcelo Tas.
Ou seja, não há o que reclamar, certo? Serão três blogs online a maior parte do tempo com notícias fresquinhas da FLIP.
A FLIP criou também um canal no YouTube. Será oferecido ao público, pela primeira vez, um conteúdo em vídeos. Esse canal divulgará ON DEMAND trechos de Mesas da Tenda dos Autores e de programações da FLIPINHA (a FLIP com eventos infantis).
É, parece que esse ano eles vieram cheios de novidades...