3.7.08

FLIP




O bate papo entre Cíntia Moscovich, Inês Pedrosa e Zoë Heller mediado por José Luis Peixoto terminou agora. Foi muito interessante. Apesar de eu achar as perguntas do mediador português José um tanto confusas e mal formuladas, as três meninas se saíram muito bem. A tradução simultânea falhou algumas vezes, para a infelicidade do público.

A Cíntia, que escreveu o livro “Por que Sou gorda, mamãe”, fez algumas citações bacanas. Segundo ela, ao buscar depoimentos para o livro, ela percebeu que a menina tem mais facilidade de ludibriar o pai do que a mãe. A relação entre mãe e filha é muito complicada.

Ela quis escrever um livro em que a filha falava sobre a mãe. E, no caso do seu livro, a menina ser gorda é uma materialização da dor dela. A obesidade é apenas uma metáfora.


Depois, perguntada sobre a questão da dor da filha, ela disse: “o drama existencial não é tão vasto quanto se pensa” e em seguida citou a frase: “o pior dos nossos problemas é que os outros não tem nada a ver com isso”. Por isso quis escrever o livro, que foi quase autobiográfico.


Inês, falou que a ação e a atitude dos homens e mulheres no mundo deveriam ser as mesmas e não deveriam causar estranheza, por exemplo, quando um homem chora ou cuida da casa.

Quando perguntada sobre o pensamento do autor na hora de escrever o livro, Inês disse que, as coisas que ela escreve não acontecem com ela necessariamente, mas ela acha interessante e por isso escreve. Ela pensa nela como leitora ao escrever, e não um em um outro leitor ‘anônimo’.


José se mostrou surpreso com um trecho do livro de Zoë, “Anotações de um escândalo”, em que, quando menina, a personagem principal do livro se masturbava tanto que a mãe prendia a calcinha ao corpo da menina com durex para que ela não se masturbasse em público. E em seguida, Zoe ficou feliz com a ignorância de José. Risada geral do público.


Quanto ao filme “Notas de um escândalo”, Zoe disse que era difícil reproduzir o livro em um filme, mas que com um dramaturgo excelente e atores incríveis (Judi Dench e Cate Blanchett, entre eles) o filme teve um resultado bem interessante. Ficou mais melodramático, porém funcionou bem como filme.