14.3.09
Mark Felt, o Garganta Profunda do Watergate
Mark Felt foi o homem que por 33 anos conseguiu manter em silêncio o mistério que adormeceu em uma garganta profunda. No ano de 1972 Felt era o homem número dois do FBI e foi o responsável pelo vazamento de informações sigilosas sobre o caso Watergate para dois jornalistas do Washington Post, Bob Woodward e Carl Bernstein.
Após o assalto à sede do Comitê Nacional Democrata, no Complexo de Watergate, em Washington nos EUA, durante a campanha de reeleição de Nixon (republicano), cinco homens foram presos quando tentavam fotografar documentos e instalar aparelhos de escuta no escritório do partido Democrata.
Os repórteres do Post começaram então uma intensa investigação sobre o caso, fazendo o escândalo vir a tona e resultando na renúncia do presidente americano Richard Nixon. A principal fonte dos jornalistas era um homem conhecido apenas como Garganta Profunda (Deep Throat) que revelou que o presidente sabia das operações ilegais em Watergate.
Howard Simons, editor do Post durante o Watergate, apelidou a principal fonte do jornal de Garganta Profunda, fazendo uma alusão ao famoso filme pornô lançado em 1972.
O caso Watergate tornou-se conhecido no mundo todo, fazendo seus personagens atingirem índices de glória (no caso dos jornalistas) e de derrota (no caso do presidente) bastante elevados. Porém, a identidade do Garganta Profunda, importante protagonista do caso, nunca foi revelada.
Contudo, em maio de 2005 o Garganta Profunda revelou-se ao mundo nas páginas da revista Vanity Fair, em matéria escrita por John O'Connor. Aos 91 anos, morando em Santa Rosa, no estado da Califórnia, já com a saúde comprometida. Segundo o autor da matéria, a revista Vanity Fair pagou U$10.000 pela história de Felt.
O ex-diretor assistente do FBI nunca se orgulhou de seu feito no caso Watergate. Dizia que não via honra em ter sido o Garganta Profunda e por isso não quis dar explicações a ninguém. E temia também ir à justiça por ter revelado as informações. Nem aos seus filhos contou.
No entanto sua filha Joan o convenceu a revelar a história depois de desconfiar que o pai poderia ser o Garganta Profunda, pois em período recente a revelação de Felt, Bob Woodward ligou seguidas vezes e inclusive se encontrou em um restaurante com Felt. Joan teria dito ao pai que a história lhes renderia dinheiro, visando a má situação financeira de Joan por conta de seus dois filhos. Felt concordou e levou a história a público.
Especula-se que Felt tenha colaborado para a renúncia de Nixon como uma vingança pessoal. Segundo nota do Washington Post após da matéria da Vanity Fair, a relação entre a Casa Branca e o FBI estava tensa. O diretor da polícia federal americana, J. Edgar Hoover, morrera antes do caso Watergate, abrindo margem para que Felt tomasse seu lugar. Porém Nixon indicou Patrick Gray, que era de dentro do governo.
Em dezembro de 2008, aos 95 anos, Mark Felt faleceu no hospital de Santa Rosa devido a insuficiência cardíaca. Ele fez parte certamente de um dos maiores casos de corrupção dos EUA amplamente divulgado. Sua garganta profunda escondeu por mais de três décadas o que todos queriam saber: quem foi o herói que deu a dica ("follow the money" - sigam o dinheiro) para tirar Nixon do trono.
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