28.6.08

Três horas de Os Produtores



Me falaram que seriam 3 horas. Bate aquele desespero.

-- Mas... três horas???
-- É, mas te intervalo.
-- De quanto tempo? Uma hora?
-- 15 minutos.
-- Ui!

Pois é. Se imaginar sentado por 3 horas numa cadeira assistindo uma peça não é uma aventura que pareça ser muito legal.

Mas é mais desesperador em pensamento do que, de fato, na realidade. Ontem fui assistir ao musical Os Produtores, no Vivo Rio. O espetáculo é uma adaptação do famoso musical de Mel Brooks, The Producers que por anos ficou em cartaz na Broadway. A história, como a maioria sabe, é o encontro de um produtor falido que já teve fama e dias de glória na Broadway e de um contador tímido com um trabalho chato e sem graça. Os dois se juntam para dar um golpe e ganhar muito dinheiro. O contador, Leo Bloom (Vladimir Brichta) descobre que o fracasso pode dar mais dinheiro do que o sucesso.

Então, o contador e o produtor, Max Bialystock (Miguel Falabella), saem a procura do pior diretor de teatro, do pior elenco, etc, para dar tudo errado. E a partir daí segue a história.

Miguel Falabella está ótimo como o produtor malandro, safado, interesseiro, esperto e falido. O papel não poderia ser para outro ator. Está perfeito. O único senão é a quantidade de palavrões que ele fala. Alguns são ótimos, caem muito bem no momento. Mas outros são completamente desnecessários.

Vladimir Brichta também está muito bem no papel do contador com um emprego que não lhe trará futuro. Apesar dele ser tímido, nervoso, histérico, o personagem atrái muitas mulheres (e homens!). E Vladimir está ótimo como o bonitão tímido que tem pavor de mulheres.

Juliana Paes é uma atriz sueca que também é "secretáriabarraajudante". E ela faz papel de... Juliana Paes! Uma atriz que tem belas pernas, é uma falsa ingênua, tem belo corpo, é sedutora, esperta e sexy. Ela tem um sotaque "sueco" bem engraçado e Juliana também está ótima no papel.

O elenco, em geral, é muito bom e muito bem escolhido. Carmen, interpretado por Mauricio Xavier, é um gay afetadíssimo que é auxiliar do diretor, é muito engraçado. O escritor nazista Franz, interpretado por Edgar Bustamante também está ótimo. Sandro Christopher que interpreta o diretor Roger de Bries é hilariante do início ao fim.

A primeira parte, de uma hora e meia, passa rapidinho e é bem "enxugada". Os segundos 90 minutos poderiam ter sido transformados em 60 minutos. Mas na verdade não atrapalha a peça, só cansa um pouco o espectador no final.

Falabella dá um show a parte no final do espetáculo. Em uma cena em que está preso, sozinho em palco, ele faz uma retrospectiva da peça. Contando os fatos desde o inícios e citando alguns trechos dos tais fatos. Quando ele chega no intervalo a risada é geral. Ele finge estar na platéia e dá a voz uma conversa de duas senhoras que estariam sentadas na platéia assistindo o musical.
Com voz de velhinha, ele começa:

-- Ô Yolanda, será que essa peça ainda vai demorar muito?
-- Não sei.
-- Você não quer ir embora?
-- Será que a gente sai assim?
-- A van pra Friburgo está lá fora? Ah, essas vans são tão boas né Yolanda?
-- E ainda tem lanchinho!

E ele interpreta essas senhorinhas por uns 10 minutos e fala que as pessoas vão pernoitar no Vivo Rio, depois que acabar vai estar tão tarde que eles vão tirar as mesas pra colocarem uns colchonetes. E depois diz assim: "O Falabella está tão bem, né? Pelo menos pra idade dele..."
Essa "mini esquete" é hilária. A melhor parte da peça. Parece um pouco com o Caco Antibes do "Sai de Baixo".

Enfim, as músicas não lá grande coisa, mas o musical diverti bastante. São três horas, mas parecem duas. Passa rápido e você se diverti tanto que nem nota. É uma mega produção com números inacreditáveis: 10 diferentes cenários (aliás a mudança dos cenários é muito bem feita e os cenários são lindos), 350 figurinos (todos muito bonitos), 60 perucas, uma orquestra de 11 músicos (afinadíssimos!), equipe técnica e de produção de 80 pessoas e um elenco de 25 atores tendo à frente o próprio Miguel Falabella também como diretor do espetáculo.

Os Produtores vai só até amanhã, domingo dia 29/06, e quem puder ir vá. Mais informações no site do Vivo Rio. É diversão na certa. São três horas de risadas.