29.12.06

A guerra carioca


Foto: Ana Branco/O Globo


Hoje cedo quando acordei, ao pegar o jornal, vi na capa a foto do ônibus queimado. Achei que fosse perto de alguma favela longe da gente e continuei lendo o jornal sem dar bola pro assunto. E ninguém lá em casa deu bola pro assunto.

Ao longo do dia fui assistindo os jornais e fui acompanhando e percebendo que a situação era perigosa. Sabe quando você de uma hora pra outra descobre uma coisa e fica totalmente horrorizado, além do necessário? E fica com medo além do que precisa? Então, fiquei assim. Não queria sair para rua de jeito nenhum. Mas aos poucos a gente vai voltando ao estado paranóico de sempre...

Mais ou menos 16h meu pai liga no celular:

- Filho, a Gabi soube que os "atentados" vão continuar hoje de noite. Então evita sair, ok?
- Ok, pai.

A Gabi é a mulher do meu tio. Eles são jornalistas e conhecem jornalistas, claro, de todas as áreas. Algum jornalista que estava cobrindo o assunto avisou pra Gabi sobre essa noite e ela nos avisou.

Eu não estava nervoso, só preocupado. Depois, mais tarde, meu avô me liga dizendo a mesma coisa. Eu respondi a mesma coisa.

Enfim, já que a polícia mesmo sabendo que iam acontecer esses "atentados" não declarou nada sobre essa noite (aliás, disse que estava tudo sob controle), nós tivemos que dar nosso jeito para saber que seria arriscado sair hoje de noite.

O Ancelmo do Globo às vezes fala que deve ser difícil viver numa cidade assim. Deve não, Ancelmo, é difícil!