4.12.05

Xexéo descreveu bem e ainda deu uma cutucada (como de cotume)...

Em volta da árvore-cone

SINTO UMA CERTA IMPLICÂNCIA DE cariocas apaixonados pelo Rio com a árvore de Natal da Lagoa. Nada contra cariocas apaixonados pelo Rio. Sou um deles. Por isso mesmo, conheço bem este comportamento meio esnobe de criticar qualquer acréscimo às belezas naturais da cidade. Trata-se a árvore de Natal da mesma maneira como foi tratada um dia a estrela de Tommie Ohtake, só para ficar no mesmo espelho d’água. A árvore é feia, atrai muita gente, engarrafa o trânsito, torna tudo mais complicado. O Rio vive um mês de confusão naquela área.

É tudo meio verdade, mas bendita confusão. A árvore não é tão bonita mesmo. Nem mesmo é uma árvore. É um cone iluminado. E o trânsito realmente fica infernal em torno da Lagoa. Mas, pensa bem, foi-se o tempo em que o Rio podia esnobar uma promoção que une todos os cantos da cidade. Durante um mês inteiro, a cidade fica menos partida. Todos se unem em volta da árvore-cone (os que se unem nos apartamentões à beira da Lagoa se unem com mais conforto). Não tem violência, não tem agressões, a cidade se sente segura. É programa para pobre e para rico. Para velho e para criança. Onde mais o Rio tem sido tão democrático? A cidade em volta da árvore não tem nada a ver com o Rio de Cesar Maia ou o de dona Rosângela Matheus. É um Rio que o dia-a-dia faz a gente pensar que não é mais possível.

n n n

Já não bastava a gente ter que aturar a canastrice de Vitor Fasano na televisão? Agora a gente tem que aturar a mesma incompetência na administração pública?